Correia/Ragazzi Arquitectos

Rita Gouveia (homify) Rita Gouveia (homify)
Casa Ricardo Pinto, CORREIA/RAGAZZI ARQUITECTOS CORREIA/RAGAZZI ARQUITECTOS Modern style gardens
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O nosso destaque de hoje sobre profissionais portugueses vai para o gabinete de arquitectura portuense, Correia/Ragazzi. Sediado bem perto da Avenida da Boavista no Porto, o gabinete é dirigido pela a arquitecta Graça Correia e pelo arquitecto Roberto Ragazzi, e é constituído por uma equipa de colaboradores também eles portugueses e italianos. Perseguindo valores de qualidade através da inovação e do rigor dos seus projectos, na Correia/Ragazzi acreditam que a arquitectura é um processo de síntese, e por isso muitos dos seus projectos reflectem uma linha arquitectónica simples e minimal. Tal como os próprios caracterizam, a arquitectura é um processo extraordinário que termina num bem material, mas onde intervêm factores de vária ordem, material e imaterial, como a interpretação de um lugar, a identificação de um problema de escala, ou a intervenção de materiais cuja plasticidade tem uma grande importância na sua obra. Fundamental é ainda, a identificação e o domínio das lógicas construtivas associadas a estes. 

O gabinete é criado em 2005 pelos dois arquitectos, cuja formação provém da FAUP (Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto) e do IUAV (Instituto Universitário de Arquitectura de Veneza). Antes de abrirem o gabinete em nome próprio acumularam experiência profissional junto de outros profissionais do sector como Souto de Moura, Alvaro Negrello ou Virgínio Moutinho e, participaram em conferências nacionais e internacionais de mérito. Para além disso o seu trabalho tem sido destacado com prémios, e no caso de Graça Correia, a docência universitária na FAUP e na Universidade Lusófona do Porto, tem também feito parte do seu percurso profissional. 

Neste artigo damos-lhe a conhecer em maior profundidade dois dos seus recentes projectos: a casa no Gerês e a casa Ricardo Pinto no Porto. Esperemos que goste.

Casa no Gerês

O projecto desta casa propôs reconstruir e ampliar uma ruína existente para se transformar num retiro de fim-de-semana, num terreno com características morfológicas extraordinárias, no Rio Cávado e seu afluente. O terreno de 4.060m2, está inserido numa área natural protegida que reúne as condições específicas para uma construção em betão e para a preservação de toda a sua flora. A capacidade construtiva foi dada pela ruína existente.

Praticando esqui aquático há já 20 anos, os clientes deste projecto procuravam obter um projecto de arquitectura que valorizasse as vistas e que ao mesmo tempo lhes permitisse gozar do terreno envolvente, num contexto de retiro de fim-de-semana. Para os arquitectos do projecto, foi essencialmente imperioso relacionar a morfologia exterior do edifício com a interior e com o próprio uso da casa, fazendo-a destacar-se na imensa paisagem verde. A encomenda solicitava um quarto de casal e de criança, assim como um quarto de hóspedes, preferencialmente afastado do volume da casa, e um anexo de apoio às actividades do esqui.

A área da casa, inevitavelmente pequena estava confinada apenas à reduzida dimensão da ruína pré-existente. A solução para essa limitição foi obtida através da própria orientação que foi dada à casa, relacionando-a melhor e mais eficazmente com o terreno agreste e com a vegetação em abundância.

A casa faz referência à famosa casa de Malaparte, na ilha italiana de Capri, projectada pelo arquitecto Adalberto Libera, assim como à mesa Less de Jean Nouvel, sugerida a partir da solução construtiva para a área suspensa da casa. 

De volume longitudinal continuo, a casa aparece em parte submersa no terreno, e de outra, altiva e emergida no meio da vegetação. Quando vista a partir do rio destaca-se subtilmente no meio das árvores. A ruína também é um elemento que faz parte do projecto arquitectónico, relacionando-se com ele. A relação entre, a plasticidade do betão e a rica flora envolvente é determinante neste projecto, e por isso o desenho do volume foi cuidadosamente pensado e articulado. Em forma de contraste e ao mesmo tempo de equilíbrio, há que referir as cores e os materiais escolhidos, tendo-se revestido o interior do grande volume em betão com madeira produzida a partir de bétula.

Casa no Porto

Apesar de estar implantada cerca da movimentada Avenida da Boavista, esta casa encontra-se envolvida por um tecido habitacional característico da cidade do Porto. A casa possui três fachadas distintas que procuram integrar-se com a sua envolvente, apesar de ao mesmo tempo se distanciar da mesma criando uma relação autónoma entre si.

Originalmente, esta casa estabelecia uma relação com uma casa geminada situada a norte do terreno, e que desapareceu ao ser submetida a uma intervenção similar. O objectivo deste projecto passou assim a delinear-se a partir da relação entre o contraste e a continuidade com o contexto em que se insere. Por contraste, o volume deveria ser bem mais baixo em relação à habitação de dois pisos que tem adjacente a si no lado sul; e por continuidade, no nível da rua, será claro observar a articulação de cotas e volumes.

Para assegurar que uma certa autonomia e privacidade os arquitectos decidiram criar um pátio interno para deleite dos seus proprietários, permitindo áreas de descanso maiores e uma maior articulação com os espaços do rés-do-chão. As fachadas leste e oeste estão projectadas numa cota mais elevada, totalmente escondida e definida pela textura do revestimento, tradicionalmente portuense. Também no pátio foi aplicado o mesmo azulejo nas cores branca e azul.

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